Do intervencionismo ao neoliberalismo em ascensão: por Marcelo Marcelino*

Nos episódios sobre a economia política da crise procuramos construir uma narrativa que proponha discutir com o leitor os principais momentos históricos do capitalismo contemporâneo desde a sua origem ainda entre o final do século XVIII para o XIX.
Esse sistema como já havíamos ressaltado carrega a gênese da sua própria destruição já que ao intensificar o nível produtivo com o máximo de exploração dos trabalhadores o sistema tende a ser corroído não apenas no sentido econômico como social e político.
As revoluções burguesas desde período procuraram casar ideias Econômicas com transformações políticas, sociais e também culturais nessa dinâmica complexa híbrida na sua totalidade. Claro que essas transformações ocorreram muitas vezes a despeito do pretenso controle dos capitalistas e de seus mandatários no poder do estado, mas esse sistema foi sendo ao longo desses últimos dois séculos percorrendo caminhos tortuosos de dominação em uma ampla macroestrutura.
Com as disputas entre as nações desenvolvidas, a ascensão da URSS enquanto Estado representativo do socialismo e a crise do liberalismo econômico do final dos anos 1920 o modelo econômico e político de intervenção com dirigismo estatal inspirado por Keynes assume as rédeas na condução do capitalismo com mais forte presença ainda pós segunda grande guerra onde os EUA assume a hegemonia global.
Esse modelo adotado pelas nações e pelo capitalismo integrado global também passou a ser conhecido como keynesianismo e reinou até meados da década de 1970.
A reconstrução da Europa e do Japão após a segunda guerra mundial foi impulsionada por esse modelo assim como a própria economia planificada do projetamento soviética mesmo representando uma alternativa a economia capitalista. A teoria marxista e o keynesianismo influenciaram até mesmo a construção de diretrizes de planejamento soviético e chinês principalmente após a morte do seu líder revolucionário Mao Tse Tung em 1976.
Justamente a partir desse período combinam-se diversos fatores para que o keynesianismo seja abandonado muito parcialmente na maioria dos países desenvolvidos desse período, entre eles o fim do padrão ouro dólar do início da década de 1970, os choques do petróleo de 1973 e 79 e o avanço do nível tecnológico das telecomunicações e informatizações da era da microeletrônica.
Todos esses ingredientes combinados com as disputas entre EUA e URSS e a crise de acumulação do modelo de capitalismo fordista forçaram aos detentores do poder econômico e político a manobrar as estratégias de intervenção no sentido de perseguir com o empreendimento militar e aeroespacial por parte dos EUA e URSS e ao mesmo tempo desregulamentar as exigências impostas a acumulação de capital tendo como eixo principal a globalização financeira. Entre uma agenda neoliberal imposta pelo imperialismo e uma estratégia planificada estatal em plena decadência surge o neoliberalismo e o Estado chinês tal qual conhecemos hoje. Mas isso será contado no nosso próximo encontro.
*Marcelo Marcelino, é cientista político, sociólogo, economista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É também, escritor e consultor acadêmico.

Sobre Francisco Carlos Somavilla 1528 Artigos
Bacharel em Ciência Politica. MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político. Especialização em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta