Meu TCC de Especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentavel

Em meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, pela Uninter, discorri sobre o projeto do biólogo Valdo Melo, – a quem agradeço a oportunidade que me foi dada – pedagogo na Secretaria de Educação do Estado do Paraná e professor na Rede Municipal de Ensino de Pinhais. O projeto “Escola 100% Reciclável” idealizado por Melo é aplicado nas Escolas Municipais de Pinhais – PR. Obvio que diversos projetos foram desenvolvidos neste sentido, porém cada qual com suas formas e mensagens.  Espero que esta postagem alcance pessoas interessados em preservar nosso Planeta e, ao mesmo tempo, desperte interesse em tantas outras.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO ESCOLAR

 

Francisco Carlos Somavilla[1]

Rafael Lopes Ferreira[2]

 

RESUMO

O projeto “Escola 100% Reciclável” visa o desenvolvimento, em primeiro momento, em uma determinada escola da rede municipal de Pinhais, de um programa de gerenciamento de resíduos no qual, todo o lixo produzido na escola tenha um destino adequado. O projeto propõe trabalhar com ações de educação ambiental procurando conscientizar alunos e funcionários sobre a importância dos 5R’s da Educação Ambiental: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O projeto chama os alunos e demais servidores à conscientização e ações práticas de reciclagem que possibilitem a redução do impacto do lixo sobre os aterros sanitários. E para tanto, é imprescindível que eles saibam o significado dos 5 R’s , ou seja, passem a repensar hábitos de consumo e descarte, reduzir o consumo de produtos, rejeitar ou evitar o consumo de produtos que prejudiquem a saúde e o meio ambiente, reutilizar produtos aumentando a vida útil deste e, ao mesmo tempo evitando a extração de matéria prima para produção de novos produtos e encaminhando à reciclagem o que restar. O objetivo principal é despertar o interesse dos alunos, do corpo docente e demais servidores sobre a importância da reciclagem de resíduos sólidos para o meio ambiente e, gradativamente nas famílias dos alunos, o interesse pela preservação do meio ambiente a fim de que estas se sintam incluídas e também responsáveis neste sentido.

 

Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Reciclagem; Meio Ambiente

 

 

1 INTRODUÇÃO

A economia mundial até o século XVII era baseada na agricultura, a partir de então, com o surgimento da Revolução Industrial no século XVII, na Inglaterra, novas tecnologias foram empregadas e, alterações na natureza por meio de ações antrópicas se tornaram frequentes. Desde então, a vida no planeta vem sofrendo com poluições do ar, da água e da terra, pois o sistema de produção e consumo oferece oportunidade, num primeiro momento, de bem estar pelo fato de podermos adquirir os bens diversos produzidos pela indústria, em sua imensa maioria, de curta vida útil. Desta forma, estes produtos são rapidamente descartados e lançados nos lixões ou então nos aterros sanitários provocando grande desconforto à população além de atrair animais de todas as espécies quando depositados em lixões a céu aberto.

Mesmo quando depositados em aterros sanitários, mas sem que tenham passado por uma pré-seleção, causam prejuízos à vida útil destes aterros. Os avanços tecnológicos possibilitam o acesso de indivíduos de diversas classes sociais a bens de consumo, mas ao mesmo tempo, a degradação ambiental acelera. Em decorrência da produção e do consumo, a necessidade de mitigar os impactos ambientais se fez necessária ocasionando surgimento de organizações, movimentos e grupos no mundo inteiro com o objetivo de preservar a vida útil do planeta. A sustentabilidade fundamenta os assuntos e questões ambientais discutidas atualmente nas conferencias e tratados internamente e externamente por significativo número de países gerando inúmeros tratados neste sentido; porém sem avanços importantes em relação a conscientização sobre a exploração dos recursos “disponíveis” na natureza.

Diversos projetos de preservação da natureza são disponibilizados, ou por Organizações não Governamentais (ONGs), ou por Associações de Moradores, ou por entidades religiosas, ou mesmo por grupos voluntários em comunidades e em escolas.

Neste trabalho, será comentado sobre o projeto “Escola 100% Reciclável”, de autoria e coordenação do professor e biólogo Valdo Melo que visa desenvolver, neste primeiro momento, em uma escola da rede municipal de Pinhais, um programa de gerenciamento de resíduos, no qual, todo lixo produzido na escola tenha um destino adequado. O projeto propõe trabalhar com ações de educação ambiental procurando conscientizar alunos e funcionários sobre a importância dos 5R’s da Educação Ambiental: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Dentro desse contexto, o objetivo principal da implantação do “Projeto Piloto” é a correta separação do lixo e a reciclagem, colaborando na promoção de atividades de Educação Ambiental. Em segundo plano, a implantação de áreas de compostagem para aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados nas escolas municipais de Pinhais visando a criação de hortas nas próprias escolas para utilização na alimentação dos alunos e, consequentemente, promover o treinamento de servidores para a ampliação do processo em quantidades e tipos de resíduos e capacitação dos professores e demais servidores para a manutenção e continuidade do projeto de reciclagem e compostagem;

2 SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

 

A ideia de desenvolvimento e o agravamento ou a percepção do agravamento dos problemas ambientais ganhou força e expressão principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Mas foi entre 1969 e 1972, com a proliferação de retóricas apocalípticas sobre os desastres ecológicos mundiais e a possibilidade de destruição do planeta, que essas manifestações tornaram-se importantes, pois incluíram a questão ambiental no debate global sobre o desenvolvimento social e econômico. Essa discussão tornou-se um desafio ao qual os pensadores sociais e políticos e economistas teriam que reagir nas décadas seguintes (RONCAGLIO; JANKE, 2007).

Esse panorama preparou o terreno fértil para que em 1987, com a intensificação da preocupação mundial sobre as questões ambientais, o conceito de desenvolvimento sustentável ganhasse contornos mais definidos. O Relatório Nosso Futuro Comum, elaborado nesse ano pela Comissão Mundial de Meio Ambiente da ONU, define o desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Assim, um desenvolvimento de fato sustentável pressupõe a adoção de um modelo de produção e consumo que cause menos devastação, de forma que seja mantido um estoque de recursos para as gerações futuras mesmo se usufruído por todos os habitantes atuais do planeta (RONCAGLIO; JANKE, 2007).

Antes mesmo dessa definição, alguns autores já descreviam essa necessidade de satisfação aos 3 pilares: econômico, social e ambiental. Segundo, Sachs (1986), para as sociedades alcançarem o desenvolvimento de modo ecologicamente satisfatório é necessário levar em consideração seis aspectos: a satisfação das necessidades básicas das pessoas; a solidariedade com as gerações futuras; a participação da população envolvida nas decisões; a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; a elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito à diversidade cultural; o estabelecimento de programas de educação.

Conforme elencado nesses seis aspectos, programas de educação devem ser desenvolvidos, pensando em estratégias que contribuam para um futuro em que toda a sociedade ainda possa usufruir dos recursos naturais não renováveis, e reaproveitar embalagens de produtos de material reciclável, daí a importância em desenvolver programas que possam sensibilizar os alunos desde as séries iniciais. Segundo Nicolescu (1999, p. 162), “uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Ela deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, do imaginário, da sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos”.

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

 

Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental, artigo 1º, entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para o meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A Educação Ambiental (EA) vem firmando seu importante papel na formação do indivíduo, contribuindo para o exercício de sua cidadania. No entanto, Roncaglio e Janke (2007) colocam que Educação Ambiental e Educação representam, epistemologicamente, a mesma ação: educar. Em suma, corresponde:

Aos processos de transmissão/assimilação de conhecimento, valores, condutas e práticas produzidos historicamente, necessários à compreensão das estruturas individuais e coletivas, sem as quais o ser humano jamais se produziria como tal. Educar é possibilitar a apreensão fundamental para a construção histórica humana em cada indivíduo. (RONCAGLIO; JANKE, 2007, p. 38)

Por isso, coloca Segura (2001), a educação ambiental representa um instrumento fundamental para uma possível alteração do modelo de degradação ambiental vigente. As práticas educativas relacionadas à questão podem assumir função transformadora, o que faz os indivíduos, depois de conscientizados, se tornarem em objetos essenciais para a promoção do desenvolvimento sustentável.

A preservação da natureza é de fundamental importância para a melhoria da qualidade de vida e saúde dos indivíduos e preservação dos “recursos” naturais existentes no planeta. Segundo Segura (2001, p.165): “Quando falamos em preservação, também falamos em educação ambiental o que nos faz refletir sobre o meio ambiente, ou seja, que além do meio ambiente físico (ar, a terra, a água, o solo) é também o ambiente em que vivemos (nossa casa, bairro, escola, cidade)”. A conscientização sobre nossos direitos e obrigações em relação ao meio ambiente, adquirimos através da educação ambiental e assim aprendemos a respeitar o ambiente. Os professores repassam conhecimento e conscientização aos alunos sobre a necessidade de preservar a natureza para uma melhor qualidade de vida a nós e a nossos descentes. A sustentabilidade é a palavra chave. É preciso trabalhar e aprofundar cada vez mais este tema no cotidiano escolar de forma transdisciplinar a fim de despertar o interesse e a responsabilidade a todos os alunos a preocupação quanto à preservação do meio ambiente, pois as crianças fomentam aos seus familiares e amigos o que aprendem.

Desta forma, fica evidente a importância de se conscientizar os cidadãos para que atuem de maneira responsável e mantenham o ambiente saudável no presente, para que no futuro saibam exigir e respeitar os direitos próprios e os de toda a sua comunidade, o que modificará suas relações com o ambiente tanto interiormente, como pessoa quanto como ser coletivo (REIS; SÊMEDO; GOMES, 2012).

Assim, parte-se do pressuposto que a EA não pode ser concebida apenas como um conteúdo escolar, pois implica uma tomada de consciência de uma complexa rede de fatores políticos, econômicos, culturais e científicos (CASTRO; BAETA, 2011).

Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades em sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar (BARROS, 2009).

Penteado (2007) afirma que a escola é um dos locais mais indicados para promover a conscientização ambiental a partir da conjugação das questões ambientais com as questões socioculturais. As disciplinas são os recursos didáticos através dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados ao alcance dos alunos através da interdisciplinaridade. Sua aplicação tem a extensão de auxiliar na formação dos alunos, desenvolvendo hábitos e atitudes sadias de conservação e respeito ambiental, transformando-os em cidadãos conscientes, de maneira que rompe com o ensino tradicional, pela sua abrangência e incrementa a participação de todos: professores, alunos e a comunidade (HAMMES; RACHWAL, 2012).

Dias (1992), acredita que Educação Ambiental seja um processo onde as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade. Meirelles e Santos (2005) ainda complementam que a implantação de projetos de EA dentro das escolas traz um desafio ainda maior que é o de incentivar as pessoas a se reconhecerem capazes de tomar atitudes ambientalmente corretas, para melhoria da qualidade de vida e eliminação do consumismo desenfreado.

Segundo Souza et al. (2015) existe atualmente uma preocupação global relacionada com as consequências da má disposição do lixo e, a cada dia, aumenta a procura de soluções alternativas e criativas para diminuir o volume de lixo produzido. Será que realmente temos necessidade de produzir tanto lixo? E quanto ao descarte do mesmo, estamos dando ao lixo que produzimos uma destinação correta?

Dentro deste contexto, a temática se encaixa perfeitamente dentro de projetos a serem trabalhados nas escolas. Segundo Reis, Sêmedo e Gomes (2012), a escola é um espaço privilegiado à formação de cidadãos e ao desenvolvimento de
valores que influenciem na aquisição de atitudes adequadas quanto ao consumo e descarte de resíduos.

No entanto, segundo A3P (2009) a gestão adequada dos resíduos passa pela adoção da política dos 5R´s: Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recusar. Dessa forma deve-se primeiramente pensar em reduzir o consumo e combater o desperdício para só então destinar o resíduo gerado corretamente.

A situação do manejo de resíduos sólidos no país é um assunto que tem recebido cada vez mais atenção por parte das instituições públicas, em
todos os níveis de governo. Os governos federal e estaduais têm aplicado mais recursos e criado programas e linhas de crédito específicas voltadas
para a gestão adequada dos resíduos (A3P, 2009).

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2000), são coletados, diariamente, cerca de 228.413 toneladas de resíduos sólidos, sendo mais de 50% referente aos resíduos domiciliares. No que diz respeito à destinação dos resíduos no Brasil, nos últimos anos, também houve uma significativa melhoria da situação, mas ainda há muito a ser feito. Nesse sentido, é muito importante adotar mecanismos para destinação adequada dos resíduos gerados, aproveitando para promover a internalização do conceito dos 5Rs (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar – Tabela 01) nos mais diversos órgãos e instituições, dentre elas as escolas.

TABELA 1 – OS 5R’s DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

5 R’s
Repensar  

Repensar a necessidade de consumo e os padrões de produção e descarte adotados.

 

Recusar  

Recusar possibilidades de consumo desnecessário e produtos que gerem impactos ambientais significativos.

 

Reduzir  

Reduzir significa evitar os desperdícios, consumir menos produtos, preferindo aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade.

 

Reutilizar  

Reutilizar é uma forma de evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo reaproveitando tudo o que estiver em bom estado. É ser criativo, inovador usando um produto de diferentes maneiras.

 

Reciclar  

Reciclar significa transformar materiais usados em matérias-primas para outros produtos por meio de processos industriais ou artesanais.

 

FONTE: A3P (2009)

Fatá (2007) coloca que existe uma gama de ações que se pode fazer para diminuir a quantidade de lixo produzida. Algumas ações são bem simples e dependem exclusivamente de cada um de nós; outras são mais complexas, pois além de nos levar a ter conhecimentos científicos e jurídicos, obriga-nos a uma organização em grupos/equipes/associações de cidadãos. O uso do consumo sustentável depende da participação de todos.

O mesmo autor ainda ressalta que devemos avançar dentro dessa metodologia dos 5 R’s, alcançando os 7R’s e um patamar ainda maior que ele chama de desejado, ou seja, REINVENTAR uma nova maneira de viver (Tabela 2).

 

TABELA 1 – EVOLUÇÃO DOS R’s

1º MOMENTO
(ONTEM)
2º MOMENTO
(HOJE)
3º MOMENTO
(AMANHÃ)
OBSERVAÇÃO
3 R’s 5 R’s 7 R’s DESEJADO
1- Reduzir
2- Reutilizar ou
Reaproveitar
3- Reciclar
1- Reduzir
2- Reutilizar
3- Reaproveitar
4- Reciclar
5- Repensar
1- Reduzir
2- Reutilizar
3- Reaproveitar
4- Reciclar
5- Repensar
6- Recusar
7- Recuperar
O mais importante de tudo:

REINVENTAR uma nova maneira de:
viver,
consumir,
produzir,
transportar,
armazenar
e até prestar serviços financeiros.

FONTE: Fatá (2007)

 

3 METODOLOGIA

Para a construção do presente artigo foi inicialmente realizada uma revisão de literatura, ou seja, uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (1991, p. 16) “a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na internet”. Essa técnica de pesquisa é importante, uma vez que segundo Marconi e Lakatos (2009, p. 185): “A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses (…)”.

Desse modo, a partir das leituras procedidas em diversas obras já publicadas sobre o tema, foi construído o presente trabalho abordando a importância do desenvolvimento sustentável e da educação ambiental no âmbito escolar. Essa pesquisa documental serviu para orientar as diretrizes que serão tomadas na capacitação dos professores e demais servidores para a manutenção e continuidade do projeto aqui apresentado.

Ainda para o ano de 2015 este projeto, que faz parte de um projeto maior desenvolvido dentro da Secretaria Municipal de Meio Ambiente será desenvolvido em uma Escola Municipal do município, utilizando o método analítico descritivo, de natureza quali-quantitativa.

De acordo com Blog do Instituto PHD (2015), a pesquisa qualitativa está mais relacionada em levantar dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população. É exploratória e pode indicar nuances imprevisíveis sobre uma questão-problema. Já a pesquisa qualitativa prioriza apontar a frequência e a intensidade dos comportamentos dos indivíduos de um determinado grupo, ou população. Estas medidas são precisas e podem ser úteis para decisões mais acertadas. Os meios de coleta de dados são estruturados, e entre eles estão à entrevista individual e os questionários.

            O projeto será desenvolvido em 3 etapas:

1) Estudos Preliminares e Caracterização dos Resíduos

Nessa etapa, o Projeto realizará os estudos necessários e os levantamentos para conhecer os tipos de resíduos gerados na escola, a quantidade e destinação final de cada tipo de resíduo. Essa caracterização é imprescindível para poder direcionar o trabalho educativo e verificar quais as metodologias que devem ser aplicadas nas outras etapas.

Ainda, será observado e mapeado o quantitativo de lixeiras disponíveis, suas localizações e acessibilidades à elas.

Nesse levantamento, verificar-se-á se a Escola já possui algumas iniciativas ambientais, como separação de lixo orgânico e reciclável, separação do óleo de cozinha, hortas, compostagem, entre outras ações.

2) Palestras Educativas e Aplicação de Questionários

A partir do levantamento realizado na primeira etapa, o projeto, seus objetivos e viabilidade serão apresentados aos diferentes grupos da escola: servidores responsáveis pela preparação da alimentação dos alunos, aos professores e aos alunos. Visando entender o que é viável e aplicável para a escola, também será previsto a abertura de espaços para discussões e sugestões sobre a didática do projeto.

Um questionário será aplicado para coletar informações iniciais sobre o conhecimento da população alvo sobre o assunto e investigar possíveis ações já realizadas que possam apontar futuras ações que possam vir a ser implantadas no projeto apresentado.

Será ministrada uma palestra educativa para servidores da escola a fim de expor o plano gestor de resíduos sólidos que deverá ser construído em parceria auxiliando a escola na sua implantação.

A seguir, será aplicado um segundo questionário com o objetivo de identificar possíveis reavaliações e complementações necessárias.

O Projeto será aplicado para capacitação de alunos de 4ª e 5ª séries, abordando ações de educação ambiental procurando conscientizar alunos e funcionários sobre a importância dos 5R’s da Educação Ambiental: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar e suas definições.

3) Implantação do Projeto – Separação Adequada e Destinação dos Resíduos

O resultado esperado com a implantação do Plano de Gestão de Resíduos na escola foca para que a destinação do lixo seja realizada de forma gradativa e adequada a ponto de alcançar a excelência na separação do lixo orgânico para compostagem e lixo seco para reciclagem e que somente os rejeitos sejam destinados ao Aterro Sanitário, o que gera uma economia para o Município além de colaborar para o equilíbrio ambiental e aumentar a vida útil do aterro sanitário.

Nas escolas participantes do projeto serão construídas composteiras cercadas com tijolos e piso de cimento com pequenas aberturas em sua base para descarte do chorume, nas dimensões: 6m comprimento x 2m de largura, 80cm altura.

Os resíduos orgânicos separados corretamente serão destinados a essa composteira para posterior utilização como adubo orgânico.

4 RESULTADOS ESPERADOS

Desta forma, esse trabalho de educação ambiental deve gerar a conscientização de funcionários e alunos quanto aos seus valores, atitudes, compromissos e capacidades necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente.

A sensibilização dos profissionais da educação e demais servidores públicos envolvidos no projeto é de fundamental importância para alcançar o objetivo que é a separação e reciclagem do lixo gerado na escola, pois uma vez assimilada pelos servidores as características e quantidades dos resíduos, mais fácil será entender a destinação a ser dada a cada tipo de resíduo. Pois um dos problemas enfrentados pela população em relação ao descarte de resíduos, de um modo geral, é o desconhecimento das características do lixo produzido gerando mistura de lixo orgânico (restos de alimentos) com lixo reciclável, papelão, plásticos, embalagens de leite, óleo de cozinha. Esta condição não permite ao individuo separar e destinar de forma adequada o lixo que produz e as consequências deste desconhecimento traz prejuízos aos aterros sanitários diminuindo sensivelmente o tempo de vida útil destes.

Valdo Melo (2015) toma como base para justificar seu projeto o “Relatório Nosso Futuro Comum”, elaborado em 1987 pela comissão Mundial de Meio Ambiente da ONU que preconiza o desenvolvimento sustentável como aquele em que as ações tomadas pelo homem nos dias atuais deve prever todas as possibilidades para que gerações futuras tenham garantia de sobrevivência e qualidade de vida de forma digna, ou seja, que atendam de forma concreta suas necessidades. Isso implica em planejamento e estratégias para sensibilizar os alunos de um modo geral, ou seja, desde as séries inicias quanto ao reaproveitamento de produtos recicláveis para que toda a sociedade possa continuar usufruindo dos recursos naturais não renováveis.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais do que o objetivo principal da implantação do “Projeto Piloto” aqui descrito é a correta separação do lixo e a reciclagem, colaborando na promoção de atividades de Educação Ambiental. A aplicação desse projeto tem a preocupação de formar indivíduos e cidadãos conscientes e comprometidos não só com as próprias necessidades e as necessidades dos outros, mas interessados em reformular essas necessidades, em reconhecer o que de valioso existe na vida, e na relação com o mundo.

           Cidadania consciente significa exercer a responsabilidade de transformação social que possuímos e, reconhecer essa responsabilidade implica em promover a transformação socioambiental seguindo e aprimorando os conceitos básicos de Educação Ambiental conforme percepção e concepção dos indivíduos de determinada comunidade a fim de que estes reflitam, entendam e descubram a importância e consequências da participação efetiva nos projetos que envolvam EA para o bem comum.

Nessa perspectiva, a sustentabilidade passa a ser uma obrigação para com as gerações futuras a partir do momento em que os conhecimentos da EA passam a ser assimilados e intrínsecos às nossas ações, satisfazendo os 3 pilares: econômico, social e ambiental.

Assim, torna-se de vital importância a implantação de programas de educação ambiental, contribuindo para um futuro em que toda a sociedade ainda possa usufruir dos recursos naturais não renováveis, sensibilizando os alunos desde as séries iniciais a praticarem a metodologia dos 5 R’s, para chegarmos enfim ao REINVENTAR  uma nova maneira de viver, consumir, produzir, transportar, armazenar e até prestar serviços financeiros, reduzindo com isso o consumismo exacerbado atual de acordo com as nossas reais necessidades.

Finalizando, o projeto aqui apresentado é apenas uma das possíveis iniciativas de se trabalhar a EA nas escolas e não pode parar por aqui. Mesmo diante das grandes dificuldades e desafios no Ensino quanto a Educação Ambiental, se faz necessária a articulação de ações educativas, condições adequadas e capacitações aos educadores para que possam trabalhar temas e atividades de educação ambiental, de maneira que possibilite a conscientização dos alunos e desenvolva a criticidade dos mesmos, gerando novos conceitos e valores sobre a natureza, contribuindo para a preservação do meio ambiente.

 

 

REFERÊNCIAS

 

A3P. Agenda Ambiental da Administração Pública. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. 5ª Edição | Revista e atualizada. Brasília – DF, 2009

BARROS, M. L. T. Educação ambiental no cotidiano da sala de aula: um percurso pelos anos iniciais. Rio de Janeiro: Livro técnico, 2009. 42p.

BLOG DO INSTITUTO PHD. Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: entenda a diferença. Publicado em 23 de fevereiro de 2015. Disponível em: http://www.institutophd.com.br/blog/pesquisa-quantitativa-e-pesquisa-qualitativa-entenda-a-diferenca/. Acesso em: 22/07/2015.

CASTRO, R. S.; BAETA, A. M. B. Autonomia intelectual: condição necessária para o exercício da cidadania. In. LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. S. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 1992.

FATÁ, R.M. Os Conceitos Básicos sobre Lixo – Os 5 R’s. Educação Pública: Meio Ambiente. Publicado em 10 de abril de 2007. Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/meioambiente/0013.html. Acesso em 6 de julho de 2015.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

HAMMES, V. S; RACHWAL, M. F. G. Meio ambiente e a escola. Brasília: Embrapa, 2012. 490p.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2009.

MEIRELLES, M. S; SANTOS, M. T. Educação Ambiental uma Construção Participativa. 2. ed. São Paulo, 2005.

MELO, V. Projeto Escola 100% Reciclável. Prefeitura Municipal de Pinhais. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. 2015. Comunicação pessoal.

NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo. Triom, 1999.

PENTEADO, H. D. Meio Ambiente e Formação de Professores. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2007.

PNSB. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2000.

REIS, Luiz Carlos Lima dos; SÊMEDO, Luzia Teixeira de Azevedo Soares; GOMES, Rosana Canuto.Conscientização Ambiental: da Educação Formal a Não Formal. Revista Fluminense de Extensão Universitária, Vassouras, v. 2, n. 1, p. 47-60, jan/jun., 2012.

RONCAGLIO, C.; JANKE, N. Desenvolvimento Sustentável. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2007.

SACHS, I. Eco desenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986

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SOUZA, Girlene Santos de; OLIVEIRA, Naiara Almeida de; LUCENA JUNIOR, Adailton Correia. Educação ambiental como prática pedagógica utilizando o lixo de forma interdisciplinar: um relato de experiência. Número 51, Ano XIII.  Março/2015. Disponível em:  http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1998 . Acesso: 06 de julho de 2015.

[1] Bacharel em Ciência Política (Faculdade Internacional de Curitiba – Facinter). Pós-graduado em MBA em Comunicação Política e Marketing Eleitoral (Universidade Estácio de Sá).

[2] Gestor Ambiental (Faculdades Integradas Camões / PR), Especialista em Biotecnologia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR)), orientador de TCC do Centro Universitário Internacional Uninter.

6 Comentários

  1. Estou no segundo semestre da minha primeira graduação, que é em Gestão de Turismo. Em cada semestre, elaboramos um projeto de pesquisa, chamado Projeto Integrador. Nesse meu segundo PIT, irei abordar a questão de um Lixão, à qual resido na proximidade do mesmo, e que também localiza-se no caminho de uma praia, a Praia de Pratigi, em Ituberá,Bahia.
    Ainda é tratado como um lixão mesmo, a céu aberto, necessitando de uma organização no intuito de que seu atrativo turístico (praia) seja mais valorizada. Tenho 19 anos, e o meu sonho é ser Engenheira Ambiental. Esse Trabalho de Conclusão de Curso me ajudou bastante como ” clareador de algumas ideias”, por tratar de aspectos similares aos que pretendo abordar. Obrigado pela publicação.

  2. Olá, Francisco!
    Sou formada em Turismo com ênfase em Turismo Rural e pretendo iniciar a pós graduação EAD em Gestão Ambiental na UNINTER e gostaria de saber da sua experiência neste Instituição.

  3. Olá Francisco, amei o seu TCC, tem tudo a ver com o que tenho em mente para fazer meu TCC de gestão ambiental, é um sonho que quero muito realizar na cidade que resido, um trabalho voluntário nas escolas com esta questão dos 5Rs. Parabéns, obrigada por compartilhar seu trabalho.

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